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segunda-feira, 2 de junho de 2008

Mexa-se!



“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei” (Gen 12:1).

Abraão é, de fato, um dos personagens mais impressionantes não somente da Bíblia Sagrada, mas de toda a história da civilização humana. Conta a Bíblia que, depois de ouvir a voz de Deus, Abraão saiu de sua terra, em Ur da Caldéia, por volta de uns 4500 anos antes de Cristo, e sem saber direito para onde ia, iniciou uma peregrinação rumo à Terra de Canaã, que séculos mais tarde, foi dada por herança divina a seus descendentes, os hebreus. Abraão é saudado não somente como pai de uma linhagem com séculos e séculos de tradição, mas por sua capacidade de seguir ao chamado de Deus mesmo sem entender muito bem o que estava acontecendo, ele é justamente reconhecido como “O Pai da Fé”.
Um judeu, não importa se for asquenazita, sefardita, ortodoxo, conservador, hassídico ou liberal, sempre reconhecerá Abraão como o grande Pai da Fé. Um cristão, seja ele católico, protestante, evangélico, pentecostal ou batista, sabe também que Abraão é o Pai da Fé. Um muçulmano, seja ele xiita, sunita, dervixe ou de qualquer outro ramo maometano, também lembra-se de Abraão (ou Ibrahim, segundo a pronúncia árabe) como o Pai da Fé. A ousadia espiritual de um homem que decidiu “se mexer”, tornou-o pai não somente de uma linhagem física, mas também o pioneiro da fé em um único Deus. Todas as crenças monoteístas, separadas entre si por tão grandes controvérsias, reconhecem uma herança comum na figura de Abraão.
Penso que Abraão foi assim tão grandioso porque ele entendeu a verdadeira essência da fé em Deus. Antes de entendermos o que é a Fé, precisamos entender o que ela não é. E, embora essa afirmação possa chocar muitas pessoas, a verdade é que a fé não é, de forma alguma, um processo passivo. Crer em Deus é muito mais do que uma simples compreensão intelectual da existência de um ser superior, muito mais do que admitir mentalmente que um Deus existe. A verdadeira fé é um processo ativo, ou seja, uma disposição que nos faz assumir, em todas as atitudes que tomamos na vida, uma dimensão de encorajamento espiritual.
Abraão não fazia a menor idéia de onde deveria ir. A voz de Deus lhe disse apenas: “Sai da tua Terra e vai para o lugar que te mostrarei”. Mais ou menos como quem diz: “Sai daí, que depois eu te digo o que fazer”. E, mesmo sem nunca ter ouvido antes a voz daquele Deus que de repente lhe dava aquela ordem, ele foi. Numa era em que todos desejam respostas claras e objetivas para todos os desafios, Abraão certamente seria chamado de louco. E, de fato, muitos homens de fé, antes e depois dele, foram chamados assim.
Deus fez um convite a Abraão: “mexa-se”. O mesmo convite Ele nos faz hoje. As coisas estão difíceis, sem perspectiva? Ou todos os desafios foram alcançados, e não há mais sonhos pra sonhar? Mexa-se! Deus não nos quer acomodados. Deus nos quer no campo de batalha, criando, motivando, agindo, trabalhando. Isto sim, é agir com verdadeira Fé: não deixar nunca de fazer a sua parte, crendo que Deus é poderoso para fazer também a dEle.
Martinho Lutero, o Grande Reformador, deixou um importante legado nesta afirmação: “Não conheço muito bem o caminho pelo qual estou sendo guiado, mas conheço muito bem o meu Guia”. Está indeciso? Não tem ainda uma idéia clara de onde isso tudo vai dar? Creia em Deus. Ele está no controle, e não deixará que você seja abatido. Apenas continue.

Deus te abençoe.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Entendendo a vontade de Deus


Óleo sobre tela, "Sara entrega Hagar a Abraão", de Adriaen van der Werff.

“Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte”. (Proverbios 14:12)

O versículo que abre este texto é um dos poucos, em toda a Bíblia, que se repete. O mesmo texto, com poucas alterações, pode ser lido mais adiante no próprio livro de Provérbios, 16:25, e isto certamente não é obra do acaso. Se o rei Salomão, autor tanto do livro de Provérbios quanto de Eclesiastes, fez questão de repetir esta advertência, com certeza se trata de algo que merece nossa atenção. O rei a quem o Antigo Testamento trata, reverentemente, como o mais sábio e mais rico que já existiu, nos ensina uma verdade que, se fosse apreendida, nos evitaria muitos dissabores ao longo da nossa existência: a dura e forte verdade de que, muitas vezes, aquilo que parece absolutamente certo e correto para nossa vida pode não apenas fugir aos padrões de Deus, como se tornar uma séria ameaça para nossa vida.
Quantas e quantas vezes, ao longo de sua vida, você mesmo já não se deparou com uma escolha que parecia tão coerente, tão racional, e que acabou sendo uma séria ameaça? Por não buscar a direção de Deus em oração, quantos de nós, muitas vezes, tomamos gestos precipitados que nos conduzem a uma situação de derrota, ou pior ainda, de vergonha?
A Bíblia menciona a história de um homem que, apesar de ter grande intimidade com Deus, um dia cometeu uma grande mancada. Abraão ficava entristecido com o desejo de Sara de ter um filho e não receber essa benção, por causa de seu ventre estéril. Deus havia prometido que ela engravidaria mesmo na velhice, mas desde então, anos já haviam se passado. Então, Sara pensou em uma solução que parecia muito prática: porque não dar à Abraão sua escrava, Hagar, para que ela engravidasse e assim ela finalmente tivesse um filho? Afinal de contas, a escrava era sua propriedade, e então o filho que ela gerasse também seria. Abraão, achando a idéia coerente, concordou, demonstrando, com sua decisão, que ele próprio não confiava muito na promessa de Deus.
Hagar engravidou? Sim. Mas a que custo... Não só o filho de Hagar, Ismael, pai dos povos árabes, se tornaria um inimigo do filho da promessa, Israel, dando origem a um conflito de mais de quatro mil anos que perdura até hoje, como o próprio Abraão teve graves conseqüências: por catorze anos, Deus não mais falou com Abraão.
Depois de sofrer muito tempo de sequidão espiritual desesperadora, finalmente Abraão ouviu a voz de Deus, que deu o remédio para toda aquela tristeza: “Abraão, anda na minha presença, e serás perfeito! (Gênesis 17:1)”. Ou seja, o remédio para evitar gestos que podem causar um profundo desastre em nossas vidas, ainda é o mesmo: andar na presença de Deus. E seremos perfeitos! E o mais maravilhoso ainda é saber que, perfeição, na ótica de Deus, não significa ausência de falhas, mas sim coragem em corrigir os rumos que não dão certo.
Se volte para Deus, e Ele certamente te conduzirá pelo caminho correto.
Deus te abençoe.