quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Gratidão, uma arma poderosa



"E um dos leprosos, vendo que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; e caiu aos pés de Jesus, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano". (Lucas 17:15-16)


Numa das muitas ocasiões em que se encontrava diante de uma multidão, Jesus surpreendeu o público com palavras muito diferentes. A platéia que o procurava pelos mais diversos motivos (uns por causa dos milagres, outros por causa dos pães que multiplicou em duas ocasiões, e outros honestamente interessados na Palavra da Salvação), naquele dia, não ouviu palavras falando diretamente sobre o amor do Pai, mas sim um discurso emocionado sobre João Batista, um outro pregador que, tanto quanto ele, juntava multidões para falar do amor de Deus. Batista havia sido assassinado por ordem de Herodes Tetrarca, a pedido de Herodíades, a cunhada com quem mantinha um relacionamento ilícito que o profeta João Batista denunciava publicamente. Ou seja, falar bem de um profeta que havia sido decapitado por ordem do rei, certamente, era motivo para arranjar muitos problemas. Por que Jesus correu esse risco?
João Batista havia sido precursor do ministério de Jesus, e de certa maneira, foi como uma espécie de mestre, de professor, para Jesus. Ao batizar o jovem galileu no Jordão, Batista não apenas cumpriu um mandamento das Escrituras, como o admitiu solenemente no seu próprio grupo de discípulos. Mais tarde, Jesus viria a reunir seu próprio grupo de seguidores, e Batista, conhecendo os propósitos de Deus, disse: "agora convém que ele cresça e eu diminua".
Alguns anos depois, Batista foi morto por não renegar sua fé e denunciar publicamente o pecado do rei. Jesus, ao saber disso, fez uma pregação emocionada sobre João Batista, proclamando-o como "o maior profeta nascido de mulher", algo surpreendente para ouvintes que conheciam a história de Moisés, Elias, Eliseu e outros profetas da Bíblia. Mais do que defender sua fé, Jesus mostrou sua eterna gratidão a alguém que o tinha precedido, que havia sido um mestre e um amigo. É triste perceber que, nos dias de hoje, raríssimas pessoas seguem o exemplo de Jesus. Ele, que era Filho de Deus, não se sentiu diminuído por expressar gratidão a um ser humano corajoso. Que diferente do noticiário da política e do mundo dos negócios, onde todos os dias vemos alguém praguejando a "herança maldita" de alguém que o antecedeu, ou prometendo "reinventar a roda", sem a mínima consideração pelo que foi feito antes dele.
Jesus valorizava muito a gratidão. No conhecido episódio da cura de dez leprosos, Jesus não deixou de se surpreender pelo fato de apenas um deles, que nem mesmo era judeu, ter voltado para lhe agradecer. É pela nossa capacidade de expressarmos gratidão que podemos medir nosso caráter. Quanto mais gratos soubermos ser, melhor caráter teremos, e mais parecidos seremos com Jesus.
Que Deus te abençoe abundantemente.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Pacificar ou apaziguar?


"Bem aventurados os pacificadores, porque deles é o Reino dos Céus" (Mateus 5)

Quase todo cristão, mesmo aqueles que diz não ter tempo pra ler a Bíblia, conhece algumas passagens do conhecido "sermão da montanha", a pregação que Jesus proferiu ao pé do monte das oliveiras, perante uma multidão sedenta e necessitada de paz. Foi para este povo que Jesus proferiu, na seqüência poética conhecida como "Bem-aventuranças", o quanto Deus se agrada de homens pacificadores. Homens e mulheres, que isso fique bem claro.
Para o leitor moderno, essa expressão pode não querer dizer muita coisa. Mas, no contexto em que Jesus pregou aquela mensagem, falar de paz era uma verdadeira ousadia. Jesus viveu e exerceu seu ministério na Judéia colonizada pelos romanos. Os sacerdotes do templo eram indicados pelo governo de Roma, e mantinham uma relação corrupta e vassala com o poder. Enquanto isso, a fé popular se dividia em um sem-número de seitas que proclamavam as mais diversas reações à situação de humilhação e miséria. Os essênios sublimavam a revolta rejeitando o mundo, e se retirando para comunidades isoladas. Os fariseus defendiam um retorno à Torá (Velho Testamento) e denunciavam a corrupção dos sacerdotes que ministravam no Templo. Os zelotes, que eram os mais radicais, defendiam a libertação pela luta armada. De todos os que se apresentavam para conduzir o povo, Jesus ousou ser a voz dissonante, e propor a solução da Paz. Falar desta maneira, em um ambiente tão tenso quanto um barril de pólvora, era se colocar na linha de fogo.
A mensagem de Jesus deixava claro que são felizes e bem-aventurados os pacificadores. E esta expressão me traz à mente o fato de que há uma clara distinção entre pacificadores, que são raros, e apaziguadores, que são bem mais fáceis de se encontrar. O "apaziguador", diante de uma situação de conflito, sabe apenas colocar panos quentes, fingir que está tudo bem, ignorar o problema. O verdadeiro pacificador, pelo contrário, não tem medo de enfrentar um problema, mas sempre o encara com o propósito de resolver, e não de "apagar incêndio com mais gasolina", como se diz por aí.
Vale lembrar que pacificar, significa muito mais do que simplesmente administrar conflitos, seja no lar, no trabalho ou em qualquer outra circunstância. A raiz da palavra vem do hebraico "Shalom", que significa, numa expressão mais abrangente, "satisfação plena de todas as necessidades". Ou seja, a Paz de que Jesus fala é muito mais do que simples ausência de conflitos. É a certeza de que, ainda no meio da angústia, podemos contar com um Deus que é digno de todo o crédito. Não quer dizer que não venhamos a ter que enfrentar situações duras e difíceis. Antes, pelo contrário, significa que Deus nos dota de uma capacidade diferenciada, especial, para ter paz em qualquer situação. Porque sabemos em quem podemos confiar.
Creia nisso, e seja um pacificador em todos momentos!
Deus te abençoe abundantemente.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Aprendendo a Ser Firmes...


Uma das faces do Monte Sião, onde foi construída Jerusalém


"Os que confiam no Senhor são como os montes de Sião, que não se abalam, mas permanecem para sempre". (Salmo 125;1)

Os recentes desastres que vitimaram milhares de pessoas com inundações, enchentes e soterramento de cidades inteiras no Estado de Santa Catarina, me trouxeram à lembrança o trecho final do discurso de Jesus no Monte das Oliveiras, conforme registrado em Mateus 7, a partir do versículo 24. Ali, Jesus fala aos seus discípulos que o homem que põe em prática seus ensinamentos é como o homem prudente que construiu sua casa sobre a Rocha. Conseqüentemente, o homem que ouve os ensinamentos de Jesus e não os pratica é como um homem que edificou a casa sobre a areia. "E vieram as chuvas, e os ventos, e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína".
No caso de Santa Catarina, a leniência do poder público tolerou, durante anos, que as pessoas construíssem suas casas em terrenos que não eram firmes. Com seis meses de chuvas acima da média, calotas de terra e lodo foram se acumulando no topo dos morros, e quando uma chuva mais forte veio, estas montanhas cederam, e levaram consigo casas, esperanças e sonhos. E isto nos lembra que, nos últimos tempos, muitas pessoas tem construído suas vidas sobre a areia, colocado o alicerce de seus sonhos em bases que não são confiáveis. Seja aquele que colocou toda a sua esperança de ser feliz em um namoro frustrado, ou no êxtase causado por uma droga qualquer, ou ainda o homem sonhador que colocou todas as suas economias nas mãos de um sócio inconfiável. Construíram suas casas sobre a areia.
Jesus, no entanto, nos aconselha a colocar nossos alicerces sobre a Rocha, ou seja, a Palavra de Deus, os princípios e orientações ditados pelo Senhor, sem os quais não podemos ter vitória. Aliás, Ele próprio seguia este princípio, pois esta mensagem de Jesus tinha seu alicerce em um texto da Palavra que Ele conhecia muito bem: o Salmo de Davi, que ensina: "Os que confiam no Senhor são como os Montes de Sião, que não se abalam, mas permanecem para sempre. O Monte Sião é a colina em cima da qual foi construída a cidade de Jerusalém, uma rocha que tem atravessado milênios. Pena que os morros de Santa Catarina não são assim.
E nós, seguimos este preceito bíblico? Somos como o Monte Sião, que não se abala? Ou será que basta apenas uma dificuldade na caminhada para nos "abalarmos" de novo, e por qualquer detalhe ameaçamos deixar a comunhão dos irmãos, a família, o relacionamento com Cristo?
Não estou sugerindo aqui que o cristão deve ter "sangue-de-barata" e ficar impassível diante de crises e dificuldades. Pelo contrário, o próprio Jesus, horas antes de sofrer a agonia do Calvário, disse aos seus amigos: "A minha alma está profundamente triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo". A verdadeira Fé não se confunde com o otimismo de araque que faz a fortuna de palestrantes motivacionais ao redor do mundo. Fé, significa que mesmo sabendo a dimensão de uma dificuldade, posso confiar em um Deus que é digno de todo crédito, e que dará a vitória no final do combate.
Essa promessa é para mim e para você. Permaneça inabalável como o Monte Sião, e suas bênçãos serão grandiosas.
Deus te abençoe abundantemente.