terça-feira, 17 de junho de 2008

Conhecendo a Fé que liberta



“E uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com os médicos todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada, chegando por detrás de Jesus, tocou na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue” (Lucas 8:43-44)

De todos os relatos surpreendentes dos Evangelhos, onde são narrados e documentados os feitos maravilhosos de Jesus Cristo na Terra, a passagem da Mulher do Fluxo de Sangue é um dos que me parece mais impressionantes. Não somente pela descrição do maravilhoso milagre, mas principalmente pelas lições morais que podemos extrair de todo o contexto.
Para quem nunca tenha ouvido falar, vale a pena fazer um breve relato. Jesus estava ensinando seus discípulos quando um tzadik, ou seja, um respeitável rabino de uma sinagoga ortodoxa, caiu de joelhos diante de Jesus pedindo que fosse até sua casa curar a sua filha. Jesus, que até aquele momento era o alvo predileto das prédicas dos fariseus, poderia ter cedido ao tipo de tentação que, vez por outra, acomete a qualquer ser humano quando um inimigo vem pedir ajuda. Se fosse qualquer um de nós, talvez dissesse não. Mas Jesus não olhava para as mesquinharias e contendas humanas. Nos olhos do fariseu, Jesus viu um pedido de socorro, e foi em direção à sua casa.
É no caminho que surge esta estranha personagem, a mulher do fluxo de sangue. Tratava-se de um estranho caso de hemorragia contínua, que acometeu a vida daquela mulher durante doze anos. A Bíblia não entra nesses pormenores, mas certamente essa mulher sofria de uma anemia profunda e de uma fraqueza endêmica, que a impedia de realizar muitas atividades consideradas normais. Na verdade, tratava-se de uma mulher excluída da sociedade em todos os aspectos, pois nem mesmo podia entrar no Templo. A Lei de Moisés dizia claramente que uma mulher, no período que durasse seu “fluxo de sangue”, era considerada “imunda”, ou seja, cerimonialmente impura. Nem a medicina nem a religião oficial podiam ser de qualquer ajuda para ela.
No entanto, quando ouviu dizer que Jesus passava por ali, a Bíblia relata que ela pensou: “Se eu puder tão-somente tocar em suas vestes, certamente serei curada” (Mt 9:21). O texto diz, de forma breve, que ela se aproximou de Jesus e tocou suas vestes, e ficou sã. Mas há algo mais nesta situação, algo que nos traz um poderoso ensinamento.
Pense na fraqueza de uma mulher, doze anos sangrando ininterruptamente. Ela sabia que não podia segurar em Jesus. Provavelmente não pudesse nem mesmo andar. Não é exagero imaginar que ela foi se arrastando, por debaixo da multidão curiosa que cercava Jesus, correndo o risco de até mesmo ser pisoteada, mas sem desistir um só instante ela fez o máximo que podia: tocar na orla de suas vestes. Os sábios judeus daquele tempo tinham o costume de usar franjas azuis na borda de seus vestidos, chamados tsitsit, que continham versículos bíblicos. Simbolicamente, ela tocou na Palavra de Deus, que era o próprio Jesus, a Palavra Viva, o Verbo Encarnado.
Quantos anos você espera por uma mudança em sua vida? Talvez você esteja enfrentando um grave problema há duas semanas, dois meses, cinco anos... aquela mulher, mesmo com todas as limitações que lhe eram impostas, teve fé. Mais do que isso, ela entendeu que a fé não é um processo passivo, de esperar sentado para que as bênçãos caiam do céu. Ela não ficou parada em casa esperando que Jesus fosse lhe curar, muito embora Jesus pudesse ter feito isso. Antes, ela preferiu ir atrás, correr riscos. E por isso conquistou sua vitória.
Você também deseja ser abençoado? Tenha fé! Arrisque-se. E Deus vai te abençoar plenamente.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O Terrível Ato de Maldizer


“Amas todas as palavras devoradoras, ó língua fraudulenta!” (Salmo 52;4)

Você já ouviu uma fofoca? Quem sabe, ao longo de sua vida, você mesmo já tenha pronunciado algum comentário de fonte não muito confiável a respeito de alguém, na base do “ouvi dizer”... Não, você não está sozinho nisso. Na verdade, nos dias atuais, em tempos de Internet e de informação na velocidade da luz, não são apenas as notícias e informações úteis que correm velozes. A fofoca também. Um dos exemplos desta nova “cultura da fofoca” da sociedade moderna é a profusão de programas de TV cujo principal assunto são os boatos, “quentes” ou “frios”, sobre a vida dos famosos ou nem tão famosos assim. Algumas “celebridades”, cientes de que esta é uma forma de estar na mídia, até mesmo incentivam, “plantam” informações maldosas sobre si mesmos, num ciclo vicioso e doentio.
No entanto, há quem ache um grande divertimento comentar da vida alheia. Estranhamente, quase nunca se comenta algo de bom, porque o tipo de comentário que “rende” é a observação injuriosa, e muitas vezes, mentirosa. A tradição judaica, dos primeiros intérpretes da Bíblia, equipara a fofoca ao assassinato, pois em ambos os casos está presente aquilo que a Bíblia chama de “derramamento de sangue inocente”. Na verdade, a Bíblia considera a fofoca pior do que o assassinato, porque a vítima ainda está viva para sofrer a injúria. Em outras palavras, a fofoca é uma espécie de assassinato da honra. O fofoqueiro é alguém que, segundo o Salmo 52, “ama todas as palavras destruidoras”. Mais acima, o mesmo texto diz: “A tua língua intenta o mal, como uma navalha afiada, tramando enganos (v.2)”.
O célebre psicólogo Carl Gustav Jung, contemporâneo de Freud, ensinava que o fofoqueiro é alguém que não conseguiu satisfazer sua vida e auto-estima pelos meios normais, e precisa da maledicência para se compensar. Em outras palavras, o fofoqueiro é um doente, que muitas vezes não avalia as dimensões do mal que gera.
Deus dá muito valor àquilo que falamos. Tanto assim é que a oração é o meio que Ele instituiu para adquirirmos o Seu favor. Se proferirmos bênçãos, seremos abençoados; se, no entanto, proferimos maldições, seremos abençoados. O rei Salomão, sabiamente, ensina: “A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto” (Provérbios 18:21). Jesus, de forma ainda mais radical, repudia os lábios cheios de comentários maldosos com um argumento incontestável: “A boca fala daquilo que o coração está cheio!” (Mateus 12:34).
Portanto, vigiemos nossos lábios e nosso coração todos os dias, para que nossa boca pronuncie somente palavras abençoadoras: um elogio, uma gentileza, um hino de louvor a Deus...e se você é do tipo inteligente e sagaz, contenha sua ironia. Tente fazer da sua notável inteligência uma forma de ajudar os outros, não de destruí-los. O Salmo 15 diz que só entrará no Santuário de Deus (ou seja, no coração de Deus) quem “não difama com sua língua e não faz mal a seu próximo”.
Deus livre você das línguas fraudulentas... e, principalmente, livre-o de ser uma delas!
O Senhor Jesus te abençoe abundantemente.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Mexa-se!



“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei” (Gen 12:1).

Abraão é, de fato, um dos personagens mais impressionantes não somente da Bíblia Sagrada, mas de toda a história da civilização humana. Conta a Bíblia que, depois de ouvir a voz de Deus, Abraão saiu de sua terra, em Ur da Caldéia, por volta de uns 4500 anos antes de Cristo, e sem saber direito para onde ia, iniciou uma peregrinação rumo à Terra de Canaã, que séculos mais tarde, foi dada por herança divina a seus descendentes, os hebreus. Abraão é saudado não somente como pai de uma linhagem com séculos e séculos de tradição, mas por sua capacidade de seguir ao chamado de Deus mesmo sem entender muito bem o que estava acontecendo, ele é justamente reconhecido como “O Pai da Fé”.
Um judeu, não importa se for asquenazita, sefardita, ortodoxo, conservador, hassídico ou liberal, sempre reconhecerá Abraão como o grande Pai da Fé. Um cristão, seja ele católico, protestante, evangélico, pentecostal ou batista, sabe também que Abraão é o Pai da Fé. Um muçulmano, seja ele xiita, sunita, dervixe ou de qualquer outro ramo maometano, também lembra-se de Abraão (ou Ibrahim, segundo a pronúncia árabe) como o Pai da Fé. A ousadia espiritual de um homem que decidiu “se mexer”, tornou-o pai não somente de uma linhagem física, mas também o pioneiro da fé em um único Deus. Todas as crenças monoteístas, separadas entre si por tão grandes controvérsias, reconhecem uma herança comum na figura de Abraão.
Penso que Abraão foi assim tão grandioso porque ele entendeu a verdadeira essência da fé em Deus. Antes de entendermos o que é a Fé, precisamos entender o que ela não é. E, embora essa afirmação possa chocar muitas pessoas, a verdade é que a fé não é, de forma alguma, um processo passivo. Crer em Deus é muito mais do que uma simples compreensão intelectual da existência de um ser superior, muito mais do que admitir mentalmente que um Deus existe. A verdadeira fé é um processo ativo, ou seja, uma disposição que nos faz assumir, em todas as atitudes que tomamos na vida, uma dimensão de encorajamento espiritual.
Abraão não fazia a menor idéia de onde deveria ir. A voz de Deus lhe disse apenas: “Sai da tua Terra e vai para o lugar que te mostrarei”. Mais ou menos como quem diz: “Sai daí, que depois eu te digo o que fazer”. E, mesmo sem nunca ter ouvido antes a voz daquele Deus que de repente lhe dava aquela ordem, ele foi. Numa era em que todos desejam respostas claras e objetivas para todos os desafios, Abraão certamente seria chamado de louco. E, de fato, muitos homens de fé, antes e depois dele, foram chamados assim.
Deus fez um convite a Abraão: “mexa-se”. O mesmo convite Ele nos faz hoje. As coisas estão difíceis, sem perspectiva? Ou todos os desafios foram alcançados, e não há mais sonhos pra sonhar? Mexa-se! Deus não nos quer acomodados. Deus nos quer no campo de batalha, criando, motivando, agindo, trabalhando. Isto sim, é agir com verdadeira Fé: não deixar nunca de fazer a sua parte, crendo que Deus é poderoso para fazer também a dEle.
Martinho Lutero, o Grande Reformador, deixou um importante legado nesta afirmação: “Não conheço muito bem o caminho pelo qual estou sendo guiado, mas conheço muito bem o meu Guia”. Está indeciso? Não tem ainda uma idéia clara de onde isso tudo vai dar? Creia em Deus. Ele está no controle, e não deixará que você seja abatido. Apenas continue.

Deus te abençoe.