quarta-feira, 26 de novembro de 2008

"Eis que venho sem demora..."


inundação em Joinville. Mais de cem mortos em toda Santa Catarina.

Os três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), que segundo os historiadores se basearam em uma mesma fonte ancestral de contar as histórias de pai para filho (quem é descendente de árabe ou judeu sabe bem o que é isso), nos trazem registros bastante similares sobre um sermão de Jesus Cristo dirigido aos apóstolos, onde os responde como distinguir os dias em que ocorreria o fim dos dias, ou a Nova Criação, como traduz, de forma bastante correta, a tradição judaica. Em todos os três textos, há um mesmo discurso, com pequenas alterações, onde Jesus fala de uma época que ele chama de “princípio das dores”, em que os cristãos deveriam estar vigilantes para o seu retorno. No versículo 7 de Marcos 24, Jesus diz: “Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares”. O texto de Lucas 21, quase idêntico, assim afirma: “E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu”.
Falar sobre este assunto no contexto de uma sociedade cética e laicista é visto quase como um absurdo medieval. No entanto, mesmo os mais céticos poderão perceber que algo está errado, especialmente depois da terrível tragédia que se abateu sobre o Estado vizinho de Santa Catarina no último dia 24 de novembro, que fez cerca de cem mortos. Isso, segundo os cálculos mais recentes da Defesa Civil, que a cada hora divulga novos números. Milhares de desabrigados, cidades ilhadas pela força das chuvas que destruíram encostas, mudaram o curso dos rios e destruíram a vida de centenas de lares catarinenses. Nesta hora tão difícil, o coração do generoso povo brasileiro se manifesta, repartindo da própria dificuldade para enviar, em mutirões, toneladas e toneladas de mantimentos para os desabrigados. No entanto, mesmo um fato desta natureza, que mobiliza a solidariedade de centenas de pessoas em todo o país, merece uma análise. “O que está acontecendo?”. Quando as ferramentas da ciência fracassam, ousamos abordar o assunto através do olhar da ciência teológica, dentro de uma perspectiva puramente bíblica.
Nos últimos anos, uma profusão de acontecimentos catastróficos tem marcado a humanidade, aparentemente sem qualquer conexão entre si. Desde o atentado às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, o mundo mudou, e para pior. O egoísmo como modelo de ação passou a ser um discurso dominante, e o desaparecimento da compaixão do universo das relações sociais nos dá a certeza de estarmos vivendo na época que Deus anunciou ao profeta Daniel: “o amor se esfriará de quase todos, muitos correrão de uma parte para outra, e o saber se multiplicará”. Que época da humanidade se encaixa melhor nesta definição, senão este tempo em que a velocidade da banda larga nos imprime um distanciamento cada vez mais frio nos relacionamentos íntimos?
Catástrofes naturais e guerras sempre existiram, dirá o cético. Mas até mesmo os geólogos confirmam que apenas nos últimos 50 anos a humanidade conheceu mais terremotos e inundações do que em todos os milênios que nos antecederam. Quase ninguém lembra mais da tsunami que castigou a Indonésia em 2004, mas muitos ainda lembram do tremor que sentiram ao perceber que Jesus havia falado de algo parecido nesta mesma prédica: “E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas (Lucas 21:25)”.
Desde os tempos de Cristo, nunca a intervenção de Deus na História humana foi tão clara, e paradoxalmente, nunca a humanidade esteve tão alheia a este fenômeno. Deus está preparando a humanidade para se confrontar com suas escolhas, e inevitavelmente teremos de fazer as nossas. Aquele que escolher entregar sua vida aos parâmetros de Cristo, ditados na sua Palavra, certamente fará a diferença. O apelo de Cristo ecoa claramente nas ondas do tempo: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa (Apocalipse 3:11)”.