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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Ser como Criança...


“Eu, porém, vos digo que aquele que não tiver coração como o de uma criança, de forma alguma verá o Reino de Deus”.

Uma das coisas mais fascinantes do ministério de Jesus é que ele nunca se cansava de desafiar o pensamento endurecido de sua época. Suas observações subvertiam a lógica, sua maneira de falar revelava um pensador ousado, e sua sinceridade era desconcertante para os ouvidos cauterizados dos “sábios” do seu tempo. Não por acaso, parecia que os pescadores, as prostitutas, a gente simples do povo, conseguia compreender mais as palavras do Mestre Nazareno do que os enfatuados escribas e fariseus, para os quais Jesus parecia simplesmente incompreensível. Também pudera: o saber meramente livresco e teorético dos parushim tinha produzido corações empedernidos, impenetráveis à fascinante pedagogia do Mestre da Galiléia.
Uma passagem que ajuda a entender como Jesus parecia desconcertante para os poderosos de seu tempo ocorre justamente em Jerusalém, a Cidade Santa, terra do Sinédrio, do stablishment religioso que observava bem de perto os movimentos daquele pregador inusitado. Entrando na Cidade Santa, Jesus é recebido como um rei, aos brados de “Hosana, Filho de Davi!”. Jesus estava no auge da popularidade, e pregava a chegada do Reino de Deus. Naquele instante, os apóstolos, que acompanhavam Jesus há cerca de três anos sem compreendê-lo direito, passaram a imaginar que o tal “reino de Deus” pudesse significar uma tomada de poder, uma revolta popular com Jesus à frente, libertando Israel do domínio romano. E claro, se Jesus seria o rei, eles seriam os ministros,..
Bem, você deve imaginar a coisa toda. Disputas sutis pela preferência do Mestre, provocações, e tentativas de “puxadas de tapete” entre os apóstolos. A mãe de dois deles, chegou ao cúmulo de pedir que, na chegada do Reino (hoje talvez se dissesse na “distribuição dos cargos”) Jesus colocasse seus dois filhos próximos dele, um à direita e outro à esquerda.
É nesta hora em que parecia que a harmonia dos apóstolos estava prestes a explodir que Jesus entra em cena com sua genialidade pedagógica. Coloca uma criança na frente deles e afirma que somente quem tivesse o coração de uma criança poderia entrar no Reino. E ainda acrescenta: “Quem quiser ser o maior, precisa ser servo de todos”. Fico a imaginar a reviravolta na cabeça dos apóstolos, com as palavras daquele Mestre que não se cansava de subverter a lógica daqueles dias... quer dizer, também dos nossos dias.
A sociedade está baseada no princípio de que quem quiser ser maior precisa mostrar força, poder e autoridade. Nas empresas, nas instituições acadêmicas, na política, e (tristemente) até mesmo na Igreja, muitas vezes quem triunfa é quem mostra superioridade, quem abusa do poder, quem fala mais grosso. Ou seja: quem parecer mais “adulto”, leva.
Quão diferente isso é do verdadeiro Cristianismo, que nos estimula a sermos como crianças. Por que Deus coloca esta ênfase tão séria em um ensinamento que vai contra toda a lógica das coisas, contra o próprio desejo natural do ser humano? Diversos fatores merecem ser analisados.
1º - Uma criança não questiona o que o Pai diz. Todos nós já fomos crianças um dia. quando temos por volta de uns três ou quatro anos, pensamos: “Papai é grande, sabe tudo”. Lá pelos catorze, já estamos negando esse pensamento e dizemos: “Meu pai não sabe nada. Está quadrado, careta, definitivamente”. Ao longo da vida, quando nossos pais já não estão mais conosco, é que nos lembramos quanta falta eles fazem. Ser “criança” no âmbito espiritual, é confiar plenamente no amor de Deus, e somente segurar na sua mão.
2ª – Uma criança tem todo o amor do Pai. Quando uma criança diz, do fundo do seu coração, “Pai, eu te amo”, não existe pai no mundo que não se derreta. Não há vínculo emotivo mais forte do que o de um pai ou uma mãe em relação a seu filho. Pessoalmente, não desfruto deste privilégio ainda, mas Deus sabe o quanto espero pelo dia em que vou olhar pra uma criança frágil e indefesa em meu colo e amá-la como nunca amarei outra criança qualquer, simplesmente porque ele será meu filho. Quando somos crianças, temos o amor do Pai em nós.
3º - Uma criança não mente. Se uma criança gostar de você, considere-se feliz: você conta com uma manifestação sincera de carinho. Quantas vezes nós, ‘adultos’ espirituais, dizemos coisas como “Te amo, Jesus”, ou “abro mão de tudo por ti”, e continuamos egoístas, mesquinhos, mentirosos e falsos?
4º - Uma criança não guarda mágoas. Quando você menos espera, eles estão brigando. Até apartar é difícil. Cinco minutos depois, estão brincando de novo como se nada tivesse acontecido. E quanto a você, que até hoje guarda ressentimento por causa daquela palavra proferida há tantos anos? Como ser criança diante de Deus carregando tristeza e infortúnio?
5º - Uma criança quer crescer. Por mais que vivam no melhor tempo de sua vida, todas as crianças que conheço anseiam pela hora de poder usar roupa de adulto, dormir até um pouco mais tarde, dirigir...um cristão verdadeiro não fica parado. É possível evoluir sem deixar de ser, no coração, uma criança capaz de agradar a Deus.
Deixe Deus cuidar de você como quem cuida de uma criança. E tudo será absolutamente diferente.
Deus te abençoe abundantemente.

sábado, 11 de outubro de 2008

Deus ainda está no controle



"Deus meu, Deus meu, por quê me desamparaste?" (Sal 22:1).

O versículo bíblico que abre este artigo é muito conhecido da maioria dos cristãos, mesmo aqueles que tem suas bíblias empoeiradas dentro da estante. Trata-se da frase que Jesus pronunciou na cruz do Calvário, após horas e horas de intenso sofrimento. No entanto, apesar de terem passado para a história - e até para o cinema - nos lábios do personagem mais sublime da História, estas palavras de desalento e abandono, que ainda martelam na consciência da humanidade dois mil anos depois, não são de autoria de Cristo. No sofrimento da cruz, Cristo recorria às palavras da Torá Sagrada, evocando o primeiro versículo do Salmo 22, de autoria de Davi ben Yessed, o rei Davi.
A história de Davi nos ensina muito a respeito da condição humana, e de como Deus ainda está no controle, mesmo quando nossos sonhos e projetos mais importantes fracassam. Davi não era mais do que um simples pastor de ovelhas, filho rejeitado dentro da própria casa, quando um dia um profeta chamado Samuel abençoou sua vida, dizendo que um dia ele seria Rei de Israel. Naquele instante, nascia um sonho muito alto para o coração de um jovem pastor, que apenas sabia cuidar de ovelhar e louvar a Deus com harmonias que retirava de sua harpa e sua alma poética.
Não demorou muito para Davi sentir que Deus estava cuidando de tudo para que seu sonho se tornasse realidade. Por derrotar um gigante de quase três metros de altura, recebeu isenção de impostos e a promessa de casar com a filha do rei. Por sua habilidade de tocar harpa e aquietar o coração atormentado do Rei Saul com sua música, ganhou aposento próprio no Palácio. Algum tempo depois casou com Mical, filha do rei, e o coração entusiasmado de Davi pensava: "Está tudo confirmado...um dia, por ser esposo da princesa, assumo o trono e viro Rei de Israel".
Tudo ia bem, até o dia em que, sem mais nem menos, Davi perdeu tudo. Foi expulso do palácio como um cachorro e caçado por todos os cantos de Israel. O jovem pastor, de príncipe passou a fugitivo, morando em cavernas. Com certeza, foi neste período que compôs o salmo que, um dia, estaria nos lábios de Jesus: "Deus meu, por quê me desamparaste?".
Esta pergunta lhe parece familiar? Algum dia você se sentiu sem rumo, desnorteado, depois de um duro golpe, como Davi, e como ele se questionou onde foi parar o amor de Deus por você? Se isso um dia aconteceu, é importante que saiba: nem Davi nem Jesus, que pronunciaram esta oração, foram abandonados. Com o sofrimento, Davi acabou sendo treinado para, como Rei de Israel, se tornar o guerreiro que garantiu a expansão e tranquilidade do povo israelita, e Jesus, bem, você sabe: pagou, com a morte, o preço por nossos pecados e ressuscitou. Sofrer nunca é agradável, mas entenda que seu sofrimento de agora é um estágio, um treinamento para saber lidar com as vitórias que ainda virão. E isso não é apenas palavreado psicológico. Pouco importa o que você esteja vivendo agora. Deus ainda é Deus, e ele ainda está no controle.
Deus te abençoe abundantemente.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Conhecendo a Fé que liberta



“E uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com os médicos todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada, chegando por detrás de Jesus, tocou na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue” (Lucas 8:43-44)

De todos os relatos surpreendentes dos Evangelhos, onde são narrados e documentados os feitos maravilhosos de Jesus Cristo na Terra, a passagem da Mulher do Fluxo de Sangue é um dos que me parece mais impressionantes. Não somente pela descrição do maravilhoso milagre, mas principalmente pelas lições morais que podemos extrair de todo o contexto.
Para quem nunca tenha ouvido falar, vale a pena fazer um breve relato. Jesus estava ensinando seus discípulos quando um tzadik, ou seja, um respeitável rabino de uma sinagoga ortodoxa, caiu de joelhos diante de Jesus pedindo que fosse até sua casa curar a sua filha. Jesus, que até aquele momento era o alvo predileto das prédicas dos fariseus, poderia ter cedido ao tipo de tentação que, vez por outra, acomete a qualquer ser humano quando um inimigo vem pedir ajuda. Se fosse qualquer um de nós, talvez dissesse não. Mas Jesus não olhava para as mesquinharias e contendas humanas. Nos olhos do fariseu, Jesus viu um pedido de socorro, e foi em direção à sua casa.
É no caminho que surge esta estranha personagem, a mulher do fluxo de sangue. Tratava-se de um estranho caso de hemorragia contínua, que acometeu a vida daquela mulher durante doze anos. A Bíblia não entra nesses pormenores, mas certamente essa mulher sofria de uma anemia profunda e de uma fraqueza endêmica, que a impedia de realizar muitas atividades consideradas normais. Na verdade, tratava-se de uma mulher excluída da sociedade em todos os aspectos, pois nem mesmo podia entrar no Templo. A Lei de Moisés dizia claramente que uma mulher, no período que durasse seu “fluxo de sangue”, era considerada “imunda”, ou seja, cerimonialmente impura. Nem a medicina nem a religião oficial podiam ser de qualquer ajuda para ela.
No entanto, quando ouviu dizer que Jesus passava por ali, a Bíblia relata que ela pensou: “Se eu puder tão-somente tocar em suas vestes, certamente serei curada” (Mt 9:21). O texto diz, de forma breve, que ela se aproximou de Jesus e tocou suas vestes, e ficou sã. Mas há algo mais nesta situação, algo que nos traz um poderoso ensinamento.
Pense na fraqueza de uma mulher, doze anos sangrando ininterruptamente. Ela sabia que não podia segurar em Jesus. Provavelmente não pudesse nem mesmo andar. Não é exagero imaginar que ela foi se arrastando, por debaixo da multidão curiosa que cercava Jesus, correndo o risco de até mesmo ser pisoteada, mas sem desistir um só instante ela fez o máximo que podia: tocar na orla de suas vestes. Os sábios judeus daquele tempo tinham o costume de usar franjas azuis na borda de seus vestidos, chamados tsitsit, que continham versículos bíblicos. Simbolicamente, ela tocou na Palavra de Deus, que era o próprio Jesus, a Palavra Viva, o Verbo Encarnado.
Quantos anos você espera por uma mudança em sua vida? Talvez você esteja enfrentando um grave problema há duas semanas, dois meses, cinco anos... aquela mulher, mesmo com todas as limitações que lhe eram impostas, teve fé. Mais do que isso, ela entendeu que a fé não é um processo passivo, de esperar sentado para que as bênçãos caiam do céu. Ela não ficou parada em casa esperando que Jesus fosse lhe curar, muito embora Jesus pudesse ter feito isso. Antes, ela preferiu ir atrás, correr riscos. E por isso conquistou sua vitória.
Você também deseja ser abençoado? Tenha fé! Arrisque-se. E Deus vai te abençoar plenamente.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Mexa-se!



“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei” (Gen 12:1).

Abraão é, de fato, um dos personagens mais impressionantes não somente da Bíblia Sagrada, mas de toda a história da civilização humana. Conta a Bíblia que, depois de ouvir a voz de Deus, Abraão saiu de sua terra, em Ur da Caldéia, por volta de uns 4500 anos antes de Cristo, e sem saber direito para onde ia, iniciou uma peregrinação rumo à Terra de Canaã, que séculos mais tarde, foi dada por herança divina a seus descendentes, os hebreus. Abraão é saudado não somente como pai de uma linhagem com séculos e séculos de tradição, mas por sua capacidade de seguir ao chamado de Deus mesmo sem entender muito bem o que estava acontecendo, ele é justamente reconhecido como “O Pai da Fé”.
Um judeu, não importa se for asquenazita, sefardita, ortodoxo, conservador, hassídico ou liberal, sempre reconhecerá Abraão como o grande Pai da Fé. Um cristão, seja ele católico, protestante, evangélico, pentecostal ou batista, sabe também que Abraão é o Pai da Fé. Um muçulmano, seja ele xiita, sunita, dervixe ou de qualquer outro ramo maometano, também lembra-se de Abraão (ou Ibrahim, segundo a pronúncia árabe) como o Pai da Fé. A ousadia espiritual de um homem que decidiu “se mexer”, tornou-o pai não somente de uma linhagem física, mas também o pioneiro da fé em um único Deus. Todas as crenças monoteístas, separadas entre si por tão grandes controvérsias, reconhecem uma herança comum na figura de Abraão.
Penso que Abraão foi assim tão grandioso porque ele entendeu a verdadeira essência da fé em Deus. Antes de entendermos o que é a Fé, precisamos entender o que ela não é. E, embora essa afirmação possa chocar muitas pessoas, a verdade é que a fé não é, de forma alguma, um processo passivo. Crer em Deus é muito mais do que uma simples compreensão intelectual da existência de um ser superior, muito mais do que admitir mentalmente que um Deus existe. A verdadeira fé é um processo ativo, ou seja, uma disposição que nos faz assumir, em todas as atitudes que tomamos na vida, uma dimensão de encorajamento espiritual.
Abraão não fazia a menor idéia de onde deveria ir. A voz de Deus lhe disse apenas: “Sai da tua Terra e vai para o lugar que te mostrarei”. Mais ou menos como quem diz: “Sai daí, que depois eu te digo o que fazer”. E, mesmo sem nunca ter ouvido antes a voz daquele Deus que de repente lhe dava aquela ordem, ele foi. Numa era em que todos desejam respostas claras e objetivas para todos os desafios, Abraão certamente seria chamado de louco. E, de fato, muitos homens de fé, antes e depois dele, foram chamados assim.
Deus fez um convite a Abraão: “mexa-se”. O mesmo convite Ele nos faz hoje. As coisas estão difíceis, sem perspectiva? Ou todos os desafios foram alcançados, e não há mais sonhos pra sonhar? Mexa-se! Deus não nos quer acomodados. Deus nos quer no campo de batalha, criando, motivando, agindo, trabalhando. Isto sim, é agir com verdadeira Fé: não deixar nunca de fazer a sua parte, crendo que Deus é poderoso para fazer também a dEle.
Martinho Lutero, o Grande Reformador, deixou um importante legado nesta afirmação: “Não conheço muito bem o caminho pelo qual estou sendo guiado, mas conheço muito bem o meu Guia”. Está indeciso? Não tem ainda uma idéia clara de onde isso tudo vai dar? Creia em Deus. Ele está no controle, e não deixará que você seja abatido. Apenas continue.

Deus te abençoe.