quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Popularidade ou Credibilidade? Eis a questão...


Quase no final de 2007, o Instituto Data Folha fez uma pesquisa de opinião para mensurar a popularidade de governadores dos dez principais Estados da Federação, por solicitação da Folha de São Paulo. O fato de a governadora Yeda Crusius (PSDB), do Rio Grande do Sul, aparecer com o menor índice de popularidade dentre todos os governadores pesquisados, serviu de munição para os seus opositores, que por sinal, já governaram o Estado. Segundo o Datafolha, apenas 16% dos gaúchos aprovam (ótimo/bom) sua gestão. Na outra ponta, o índice de reprovação (ruim/péssimo) chega a 46%.
Uma análise apressada e descuidada do resultado desta pesquisa, logo conduz a um raciocínio equivocado, fartamente difundido por seus opositores: se Yeda é impopular, logo, não está fazendo um bom governo. Esta é uma premissa simples, mas enganosa.
Na verdade, este raciocínio equivocado é fruto de uma confusão que costuma conduzir a muitos erros na política: a incapacidade de detectar a diferença entre popularidade e credibilidade.
Popularidade, em si, é um conceito que não quer dizer muita coisa. Diz apenas se o camarada é “popular”. Um craque de futebol, um astro do cinema, e até mesmo um assassino em série, podem ser considerados “populares”, porque são conhecidos. Seu nome está na mídia a todo momento.
O que verdadeiramente interessa, não é se um governante tem popularidade, mas sim se possui credibilidade. Lula é popular, não há dúvida. No entanto, uma pesquisa de 2005 disse que a maioria da população desconfiava quando, no auge do escândalo do mensalão, ele dizia “não saber de nada”. Popularidade, sim. Falta mesmo é credibilidade, o que é terrível para um Chefe de Estado.
O governo de Yeda Crusius pode até não ter popularidade, por ter optado por realmente enfrentar a crise financeira. O governador anterior, diante da crise, preferiu cuidar da própria imagem. O resultado é que, no governo anterior, tínhamos um governador popular e um governo péssimo.
Honestamente, prefiro que a governadora continue tendo impopularidade, especialmente se ela decorrer de decisões que vão contra o aplauso fácil e demagógico, que tanto agradam a políticos de todos os matizes. Ela prometeu enfrentar a crise, e isto está fazendo, mesmo que para isso contrarie interesses corporativistas de toda espécie.
Meu desejo é que continue avançando em credibilidade. A popularidade, se colher bons frutos, virá ao natural.

2 comentários:

blog disse...

Olá.
Gostei do blog, embora tenha reservas quanto ao texto. Reservas, naturalmente, ligadas a pontos de vista, o que resulta, claro, em debate democrático.
Como vc utilizou o léxico para defender-se de acusações (imagino que infundadas) sobre "fascismo", uso o mesmo recurso. Segundo o Caldas Aulete (possivelmente o melhor dicionário brasileiro), "popular" refere-se a tudo o que é "de agrado do povo, que tem afeto e simpatias do povo".
De modo que, ao afirmar que um bandido pode ser popular, há um certo contra-senso, concorda? Embora não acompanhe detidamente o trabalho da Sra. Crusius - e imagino que seja uma pessoa cuja credibilidade seja inabalável, de acordo com seu ponto de vista -, não creio que sua "impopularidade" deva ser deixada de lado. Deve haver motivos para tal comportamento. Nenhum governante, pelo menos eu nunca presenciei tal fato, consegue ludibriar, sem a força, a vontade popular. Nem Lula. Acredito que, se ele foi novamente eleito, é porque houve aceitação por parte do eleitor. Sim, ele é popular no melhor sentido do termo. Aliás, segundo o Caldas Aulete, o único.

Em tempo: não votei em Lula, assim como não votei em nenhum outro candidato, seja ele de qual partido for.

Parabenizo vc pelo blog.
voltarei outras vezes.

Bom 2008.

Carlos André disse...

"Popularidade, em si, é um conceito que não quer dizer muita coisa. Diz apenas se o camarada é “popular”. "

Bobagem.
Se as propostas que Yeda apresentou, a de "um novo jeito de governar" – e que depois descumpriu com as melhas velhas desculpas de sempre – foram eleitas, é uma prova de popularidade. E hoje ela não seria eleita de novo, com bom ou mau governo, democracia é isso, goste ou não, caro teocrata.