
"E um dos leprosos, vendo que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; e caiu aos pés de Jesus, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano". (Lucas 17:15-16)
Numa das muitas ocasiões em que se encontrava diante de uma multidão, Jesus surpreendeu o público com palavras muito diferentes. A platéia que o procurava pelos mais diversos motivos (uns por causa dos milagres, outros por causa dos pães que multiplicou em duas ocasiões, e outros honestamente interessados na Palavra da Salvação), naquele dia, não ouviu palavras falando diretamente sobre o amor do Pai, mas sim um discurso emocionado sobre João Batista, um outro pregador que, tanto quanto ele, juntava multidões para falar do amor de Deus. Batista havia sido assassinado por ordem de Herodes Tetrarca, a pedido de Herodíades, a cunhada com quem mantinha um relacionamento ilícito que o profeta João Batista denunciava publicamente. Ou seja, falar bem de um profeta que havia sido decapitado por ordem do rei, certamente, era motivo para arranjar muitos problemas. Por que Jesus correu esse risco?
João Batista havia sido precursor do ministério de Jesus, e de certa maneira, foi como uma espécie de mestre, de professor, para Jesus. Ao batizar o jovem galileu no Jordão, Batista não apenas cumpriu um mandamento das Escrituras, como o admitiu solenemente no seu próprio grupo de discípulos. Mais tarde, Jesus viria a reunir seu próprio grupo de seguidores, e Batista, conhecendo os propósitos de Deus, disse: "agora convém que ele cresça e eu diminua".
Alguns anos depois, Batista foi morto por não renegar sua fé e denunciar publicamente o pecado do rei. Jesus, ao saber disso, fez uma pregação emocionada sobre João Batista, proclamando-o como "o maior profeta nascido de mulher", algo surpreendente para ouvintes que conheciam a história de Moisés, Elias, Eliseu e outros profetas da Bíblia. Mais do que defender sua fé, Jesus mostrou sua eterna gratidão a alguém que o tinha precedido, que havia sido um mestre e um amigo. É triste perceber que, nos dias de hoje, raríssimas pessoas seguem o exemplo de Jesus. Ele, que era Filho de Deus, não se sentiu diminuído por expressar gratidão a um ser humano corajoso. Que diferente do noticiário da política e do mundo dos negócios, onde todos os dias vemos alguém praguejando a "herança maldita" de alguém que o antecedeu, ou prometendo "reinventar a roda", sem a mínima consideração pelo que foi feito antes dele.
Jesus valorizava muito a gratidão. No conhecido episódio da cura de dez leprosos, Jesus não deixou de se surpreender pelo fato de apenas um deles, que nem mesmo era judeu, ter voltado para lhe agradecer. É pela nossa capacidade de expressarmos gratidão que podemos medir nosso caráter. Quanto mais gratos soubermos ser, melhor caráter teremos, e mais parecidos seremos com Jesus.
Que Deus te abençoe abundantemente.