
O Parlamento da Holanda, um dos países-membros da União Européia, numa votação que chamou a atenção de toda a mídia mundial, aprovou, em fevereiro de 2008, uma nova lei que permite a qualquer cidadão, a prática de sexo no ambiente das praças.
Em dezembro de 2007, o pastor inglês Stephen Green foi detido pela polícia britânica por ter distribuído folhetos evangelísticos em uma praça londrina. Os textos “subversivos” distribuídos por Green diziam: “Jesus Cristo é o único Salvador de todos os nossos pecados”. A distribuição de folhetos evangelísticos é proibida também na França, Holanda, Suécia e diversos outros países do bloco. Na Suécia, o pastor Ake Green foi preso ao distribuir folhetos evangelísticos durante uma passeata gay. A mídia sueca fez forte pressão contra o pregador, acusando-o de ferir os direitos humanos. Na Suécia, um pastor pode ser preso simplesmente por abrir a Bíblia em Romanos 1.26-27, texto onde o apóstolo Paul repudia a prática do homossexualismo. No mesmo ano, a Câmara Municipal de Norfolk, na Inglaterra, recusou-se a aprovar os estatutos da Casa Barnabé, que abriga jovens desamparados em Kingslynn, apenas porque o texto possuía a palavra “cristão”.
O que estas decisões tão díspares entre si querem nos revelar? A Europa, berço de Enrich Zwingli, John Huss, Martinho Lutero, Jean Calvine, John Milton e muitos outros, hoje permite até mesmo atos sexuais nas praças, mas proíbe que as igrejas pratiquem evangelismo e exerçam sua liberdade de expressão nestes mesmos locais. Isto demonstra que o politically correct, pensamento predominante na cultura européia dos dias atuais, apesar do discurso de tolerância, respeito aos direitos humanos, respeito à diversidade e outras bandeiras, possui uma prática que demonstra que estes valores não valem para os cristãos. Comportamentos que outrora eram considerados repugnantes pelo ensino da Bíblia Sagrada, foram sendo tolerados com o passar dos anos e hoje se tornaram uma verdadeira imposição. Grupos defensores deste tipo de pensamento falsamente pluralista, já não se preocupam mais em conquistar seus direitos, mas querem impor seu comportamento como uma regra para toda a sociedade civil.
As praças, desde os tempos da antiga democracia grega, sempre foram locais de exercício pleno da convivência comunitária, da discussão de idéias. O magistral poeta brasileiro Castro Alves proclamava que “a praça é do povo, como o céu é do condor”. No entanto, o moderno pensamento liberal, aprovando esta nova permissão para a prática do sexo nas praças holandesas, rouba o espaço público para a prática de um ato privado, querendo impor um triunfo simbólico do individualismo egocêntrico e anticristão sobre os valores familiares da cristandade. O célebre escritor Alan Broom aborda justamente a ótica míope do relativismo em sua obra “O Declínio da Cultura Ocidental (São Paulo, Best Seller, 1989).
A Holanda que hoje aprova o sexo livre nas praças e o uso indiscriminado de drogas em qualquer lugar público, somente experimentou o crescimento de uma consciência social quando seus valores eram inspirados nas Sagradas Escrituras, como nos tempos do renomado teólogo Abraham Kuyper (foto), feroz defensor da ortodoxia bíblica contra o racionalismo cristão e a teologia liberal, que assimilou valores do humanismo ateu. Fundador da Universidade Livre de Amsterdã, o pastor Abraham Kuyper foi deputado pelo Partido Anti-Revolucionário, autor de um código de defesa dos direitos dos trabalhadores, o qual baseou em Tiago 5.1-11. Foi primeiro-ministro da Holanda de 1900 a 1905, ampliando o direito ao voto e criando a primeira legislação trabalhista do país. Outro exemplo notável foi o deputado inglês Willian Wilberforce, pregador protestante, que depois de apresentar por nove vezes o mesmo projeto aprovado somente em 1807, fez com que a Inglaterra fosse o primeiro país do mundo a abolir a escravidão. Os valores cristãos, que historicamente sempre estiveram na vanguarda dos direitos dos homens e mulheres, agora são banidos da vida européia em nome de uma falsa consciência universal, que prega pluralismo e liberdade para todos os indivíduos... menos para os cristãos.