terça-feira, 3 de julho de 2007

Um comentário em Zero Hora...

No dia 2 de junho, a jornalista Cláudia Laitano publicou em sua coluna de Zero Hora, o artigo "Autoridades Polonesas". Para quem não está situado no assunto, reproduzo o que ela escreveu, em vermelho (óbvio), colocando em negrito os trechos mais gritantemente esquerdopatas :

Uma insólita polêmica ressurgiu esta semana - requentada e com quase 10 anos de atraso - a pedido de "autoridades polonesas". Vale a pena lembrar o histórico de uma das mais bizarras controvérsias envolvendo bichinhos de pelúcia de que se tem notícia. Em 1999, Tinky Winky, um dos quatro Teletubbies - série de televisão idealizada para crianças que ainda não tiraram as fraldas - foi considerado uma potencial ameaça à família e aos bons costumes pelo pastor de uma obscura igreja do grotão profundo dos Estados Unidos. Os sinais de que Tinky Winky era um ícone gay maldisfarçado eram evidentes, denunciava o pastor em um texto intitulado Alerta aos Pais: "Ele é roxo, cor do orgulho gay, e sua antena tem a forma de um triângulo, outro símbolo de orgulho gay". O reverendo Jerry Falwell esqueceu de mencionar que Tinky Winky tem o hábito de carregar uma bolsa vermelha, gosta de comer "creminho gostoso" e rola na grama com os amigos quando está feliz. Suspeito, muito suspeito. Indiferentes ao fato de que as declarações do pastor foram consideradas ridículas na época, as ubíquas "autoridades polonesas" pediram esta semana que psicólogos avaliassem se um programa de TV pode estimular comportamentos associados à homossexualidade. A idéia é proibir a exibição dos Teletubbies na televisão pública polonesa se for provado que Tinky Winky é, sim, do babado. O governo polonês, não por acaso, já foi alvo de críticas da União Européia devido à sua posição ultraconservadora com relação aos direitos dos homossexuais. Há dois meses, o Ministério da Educação da Polônia anunciou planos para demitir professores que promovam a "cultura homossexual" em sala de aula. Professores devem andar pensando duas vezes antes de indicar autores como Virginia Woolf, Oscar Wilde e Truman Capote. Ninguém, em sã consciência, quer acordar de manhã e descobrir que está sendo perseguido por "autoridades polonesas". Enquanto isso, não muitos quilômetros a oeste, o governo britânico está implantando em 15 escolas primárias, em caráter ainda experimental, um ousado programa de combate à homofobia. A idéia é oferecer para alunos, de quatro a 11 anos, contos de fadas que mostram personagens gays - como um príncipe que diz não a todas as pretendentes e depois se apaixona por outro príncipe ("King & King") ou um casal de pingüins machos que cria um filhotinho abandonado ("And Tango Makes Three"). A iniciativa faz parte do projeto No Outsiders (sem excluídos) e inclui várias ações junto a funcionários e colaboradores de repartições públicas do Reino Unido com o objetivo de coibir práticas discriminatórias de todos os tipos - seja de gênero, etnia, religião ou classe social. Parece moderninho demais? Politicamente correto demais? Pode ser, mas a história dos costumes se faz assim mesmo, com microrrevoluções que se espalham em ondas, e de forma desigual, por todo o planeta. Em um extremo, "as autoridades polonesas". Do outro, uma sociedade testando seus limites de tolerância e ousadia. Não sei vocês, mas nesta briga sou inglesa desde pequeninha.

Pois é, né? Se há uma coisa que me mobiliza a reagir, é essa falsa candura da patrulha do "polliticaly correct". Em resposta, mandei uma carta que, noblesse oblige, foi publicada na sessão "Sobre ZH" em 22 de junho. Segue o texto, em azul. As frases em itálico foram suprimidas da publicação em ZH, por "motivos de espaço". Tudo bem, mas o leitor deste blog facilmente notará que foram justamente as observações mais contundentes da carta as que foram selecionadas para a degola. "No stress"...

Fiquei profundamente surpreso que uma jornalista tão bem informada como Cláudia Laitano tenha se referido de forma tão desidiosa a uma das mais expressivas lideranças do protestantismo contemporâneo em seu artigo “Autoridades Polonesas”. Num tom que beira o preconceito religioso, Laitano chama de “pastor de uma obscura igreja do grotão profundo dos Estados Unidos” a ninguém mais ninguém menos que Jerry Fawell, líder da Maioria Moral, cuja influência na política americana é grande o suficiente para desqualificar o uso do termo “obscuro”.
Na verdade, Fawell só é chamado assim por defender claramente a posição evangélica de repúdio ao homossexualismo, para horror dos politicamente corretos e do aparattchik das redações, que tentam a todo custo criminalizar a opinião livre de um segmento expressivo da comunidade. Neste momento tramita uma lei que, sob o belo pretexto de coibir manifestações de preconceitos aos homossexuais, tenta transformar os óbices doutrinários das igrejas em crime de opinião, regredindo aos piores tempos da ditadura.
Surpreende ainda que, ao abordar o tema dos livros infantis com histórias gays, o que ela acha um avanço (o que é seu direito), não haja menção à violação dos direitos dos pais que não querem submeter seus filhos a este tipo de educação pública. É o autoritarismo com toques politicamente corretos, saudado pela cronista.

Nenhum comentário: